(Loucura-Vincent Van Gogh) Louco é até bonitinho de falar. Tornou-se adjetivo dotado de charme e utilizado também para caracterizar pessoas legais que se aventuram em uma ou outra situação. O conceito primário do termo, no entanto, passa a idéia de pessoas, no mínimo, temíveis pela própria natureza. Talvez pelo fim dos sanatórios ou pelo aumento da população terráquea, tais figuras desajuizadas saíram das novelas e estão, cada vez mais, presentes no convívio dos aparentes mente-sana. Embora loucura seja termo altamente questionável, paupérrimo e feio para definir os seres perturbados por esse ou aquele motivo/doença/trauma/confusão momentânea, é infelizmente boa alternativa para se falar das paranóias humanas de maneira popular.
Comunidades no orkut intituladas "Sou pára-raio de loucos" são apenas um dos sinais da invasão insanidade que paira. Um querido está prestes a usar camisa-de-força ele mesmo depois de experiências seguidas com "loucas". Convencido de que se trata de carma, ele teme se aproximar mais profundamente de qualquer criatura de saia, a fim de evitar ataques de ciúmes, mudanças repentinas de humor ou até faca no pescoço. E como convencê-lo de que o mundo não é tão dodói assim se "de perto ninguém é normal"? Numa olhada superficial, paletós, saltos e óculos decentes demonstram charme e distinção; aproxime-se, conheça, e dificilmente escapará de escandalizar-se com algum comportamento estranho/bizarro em relação à opinião comum.
Quando se trata de relacionamentos, o bicho pega (e, se ficar, ele come. Corra, Lola, corra!), uma vez que se passa a conviver mais intimamente com a criatura. Classificar de loucos tão somente seria simples não parecessem normais ao olho geral. "Vai comer um quilo de sal com ele", diriam os matutos. Sábios. Amigos, amantes, colegas de trabalho, parentes...Lindos, loiros e loucos, basta surgir uma situação crítica com a qual não saibam lidar. Meda! Não vale julgar alguém por única atitude - alguns fatores facilitam o aspecto lelé-da-cuca de alguém, a exemplo de bebida, remédio, TPM, trauma recente...Todavia, se o outro é fichado no hospício, apresenta traços de desequilíbrio e, principalmente, faz sofrer alguém, a solução é cair fora. Por que pagar pra ver? Não há exemplos suficientes do que pode causar a alimentação da loucura alheia? E se somos nós os insanos, não devemos nos tratar de alguma forma para descobrir e quiçá curar nossos fantasmas grotescos, nossos monstros e bruxas de olhos arregalados e risadas macabras?
Uma Amiga X estava encantada com um homem que conhecera e com quem estava saindo havia quase um mês. Ao apresentá-lo às amigas, casualmente, uma delas a chamou em particular e disse que o infame era louco e que ela corria risco de vida. Não, ela não achou que, com ela, ele fosse se jogar novamente do apartamento ou tentar invandir sua casa. Confessou estar intrigada o suficiente para continuar.
Outra ignorou o passado de confusões narrado por ex-namoradas, ex-colegas de trabalho e até pela família do cabra da peste e passou pelas mesmas coisas sobre as quais foi avisada. Amigos psicólogos corrijam, mas muitos psicopatas com diferentes problemas são altamente sedutores. Quando a criatura já está envolvida, é difícil sair incólume. Sinais, luzes de alerta vermelhas piscando no subconsciente, conselhos de entes queridos e desconfiômetro. Melhor acreditar mais nos avisos antes de embarcar na doença do outro e se perder nos caminhos medonhos da mente.