17 de novembro de 2008

E não viveram felizes para sempre


Assistir a filmes infantis tem seus encantos, quando não se processa a típica lavagem cerebral causada por músicas-chiclete (quem tem filhos pequenos sabe o que é passar o dia com notas musicais de Patati e Patatá, Moranguinho e Cocoricó na caixola). Melhor ainda quando você se identifica com um dos personagens, a ponto de até torcer por um final feliz, quando sempre espera que ele não aconteça, como no cinema adulto e agradavelmente ranzinza. Ele era legal, esperto, mas não deixava que a filha lesse típicos contos de fada, nos quais nem maçãs envenenadas nem terríveis maldições são capazes de impedir o "felizes para sempre". Aí, claro, aparece uma princesa (literal) da Disney que o faz apaixonar e voltar a acreditar no amor eterno. E, mesmo sendo uma comédia romântica, acaba cor-de-rosa. Apesar das risadas, continuo evitando que meus filhos assistam aos melosos como Cinderela, Bela Adormecida e A Pequena Sereia. Pois cheguei à conclusão de que boa parte dos problemas femininos vêm dessa crença no príncipe salvador, de cavalo branco. Taí a causa da desilusão feminina com os seres do sexo oposto. Crescem acreditando que vão salvá-las do perigo, de bruxas, lobos e situações horrendas em geral. Têm certeza, desde menininhas, que eles são gentis, cultos, sensíveis e - o pior - sedentos por compromisso (casar e ser feliz para sempre). Quando descobrem, com a chegada da puberdade, que, na verdade, os homens são os próprios lobos e vilões dos contos de fada da vida real, experimentam da terrível desilusão. É bom que saibam logo onde vão pisar. Além do tapete vermelho e da grama suave, seus pezinhos podem não estar protegidos pelo sapatinho de cristal. Homens são reais; finais não são sempre felizes; e achar que a felicidade está somente em viver ao lado de um cara pode transformar a história numa tragédia.

Um comentário:

Anônimo disse...

Eu sou o Lobo mau...eu pego as menininhas pra fazer mingau :)