29 de junho de 2007
Ninja é tocar flauta
Por acaso está escrito na minha testa Kama Sutra, Tantra ou Manual de Putaria? Parece que sim, dados os insistentes e secretos pedidos da meia dúzia de leitores do meu bloguinho para que trace algumas linhas sobre temas afins. Inclusive o povo nem-nem quando falo de outra coisa, afe. Vai estigmatizar, é? Apesar de apreciar o assunto e principalmente a prática - apesar da opção pela abstinência, claro -, tenho minhas "mestras" na arte de aprender coisas diferentes. As meninas conhecem uma ou outra, como aquela danada que propõe que a mulher "solte sua puteza" e compartilha experiências (sempre contando o milagre, mas não o nome do santo, como deve ser). Mas, durante a semana, uma criatura aparentemente pacata, de pouca idade e de contador ainda no número 3, fala mansa, rubor ao ouvir safadezas e olhar angelical, revelou seu poder de ninja. Recentemente desencalhada, falou, na maior naturalidade, de umas técnicas aprofundadas de malhação de piriquita tão maravilhosas quanto os golpes e artifícios de samurais e guerreiros orientais. Me senti like a virgen. E também todas as amiguinhas para as quais repassei as noções - ditas espertinhas e iniciadas em técnicas como o pompoarismo. Rá! Todas passadas com os conhecimentos, que prometem simplesmente arrasar qualquer vítima. E pra ser ninja mesmo tem que saber "tocar flauta". Putz, nunca imaginei uma coisa dessas antes das revelações da mocinha. Meninas que estão na ativa, peguem os acessórios, exercitem a concentração e se preparem para os duelos marciais. Eu vou ficar me aprimorando e coletando dados empíricos, no melhor estilo da evolução Daniel-san a Senhor Miyagi. Iááá!
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22 de junho de 2007
Prazer da presença
Singular a sensação de felicidade em estar com os amigos. Aqueles que sabem a dor e a delícia de você ser o que é, e te amam da forma mais intransitiva. Embora a tecnologia atual esnobe a distância dos corações atados, nada mais gostoso do que abraçar, beijar, morder e apertar (bem Felícia) os queridos que os quilômetros e os meses afastaram. Esta semana foi assim, como gosto de vontade morta, fome saciada, dor curada e males sanados. Só pela presença corpo-espírito de duas das mais cheirosas flores do meu grande jardinzinho interior. Mesmo que por uma noite, por uma tarde. Porque a gente sabe aproveitar cada segundo só de olhar - e compreender apenas com tal gesto. Só de desfazer compromissos e marcar aquele espacinho na agenda que nem podia existir em outras circunstâncias. De se ver tanto tempo depois e parecer que foi há duas horas. Coccinelle e Negha, eu amo vocês demais! E, embora feliz pelos momentos juntas, cada uma no seu dia, sinto muito essa ausência incoveniente. Essa ausência da presença. Porque a gente continua grudadinhas nas lembranças tantas. Das gargalhadas ébrias às lágrimas aflitas. Dos altos e baixos. Do ser mulher, e ser foda, e se bastar e se orgulhar. Me orgulho da gente. E até do meu egoísmo: voltem.
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19 de junho de 2007
Sigam-me os bons
O nick de uma amiga agora ilustra muito bem debate recente e latente nas conversas femininas. "Se o homem soubesse a vantagem de ser bom, seria por interesse", diz o apelido da boneca, algo vindo da sabedoria chinesa. Incrível como essa espécie de homem, a dos bonzinhos, parece estar em extinção e, talvez por isso mesmo, tenha se tornado atraente de uma hora pra outra. Sim, porque, até pouco tempo atrás, ser legal tava com nada, uma vez que os olhares, fantasias, corpos e corações das mulheres eram dos cafajestes, malas, cabras safados, crápulas e outras classes de ordinários. E o melhor é que esses tipinhos medíocres continuam achando que são "o cara"; é engraçado até ver a quantidade de blogs testosterônicos com esse tom. (Na minha superficial pesquisa no Google, coisas como www.manualdocafajeste.blogger.com.br, ocafajeste.blogspot.com, www.cafajestequasearrependido.blogger.com.br e cafajesteautoajuda.blogspot.com). O bonzinho, aquele que, quando criança, ficava sem dançar na festa, enquanto os projetos de escrotos alternavam as parceiras, tá tão raro que a mulher que se envolve com um boa-praça dá logo um jeito de encoleirar o rapaz. No meu caso, tive sorte com os gentis, com os quais namorei alguns anos...mas admito que acabava enjoando de tanta atenção, admiração, melosidade, romantismo e sinceridade. Bom mesmo era o jagunço, o cachorrão cheio de charme que sabe conquistar a mulher nas primeiras palavras, mesmo ela ciente de todas as traquinagens dele. Tem coisa mais brochante do que um cara que concorda com tudo o que você diz e faz tudo pra te agradar? Tem, respondo hoje, mais madura no quesito "quanto mal pode fazer um mala". Eu megabrocho se o bonitão quer "conversar num lugar mais reservado" (é comprometido), se o descolado deixa de bajular quando conquista (ou imagina) ou o galanteador de plantão olha pra todos os rabos (um amor em cada porto) e apaga os scraps (punheteiro virtual, pro qual quantidade é qualidade). Ecaaa! O tipinho perdeu a graça. Quero brincar mais disso não. Nem as meninas com quem converso. Vão ser canalhas na puta que os pariu, tuia de incompetentes! Homem bom é homem do bem, que é verdadeiro, honesto e não adepto da lei "penso, logo traio". Aquele que sabe teu valor e te faz rir. Ai, meu Deus, que saudade do Amélio/aquilo sim é que era...o homem que merece toda mulher =)
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12 de junho de 2007
Desnamorados enamorados
Estranhamente gostosa a sensação de estar solteira pela primeira vez em 13 Dias dos Namorados. Principalmente porque, diferente daqueles períodos de solidão e ansiedade por que todos passamos entre relacionamentos - romances ou tragédias -, hoje me considero uma desnamorada enamorada. Sem namorado, mas por opção; sem paixão, mas sem dor; sem aconchego permanente, mas também sem nóias. Bom demais se enamorar da vida, dos filhotes maravilhosos, dos amigos de ontem e de hoje, do mundo e suas cretinices, risíveis ou não. E o "estar solteira", depois dos vinte e poucos e algumas lapadas (na cabeça e na rachada, claro), ganha outra atmosfera. Não aquele desespero para aproveitar cada instante em farras, paqueras e escrotices. E sim a sensação orgásmica de não ter compromissos, preocupações ou planos com alguém no Dia dos Namorados, por exemplo. De passar sexta e sábado à noite em casa, e daí? De o coração não sair pela boca quando toca o celular - seja quem for, espera ou liga de novo. De sentar numa mesa de bar com número considerável de homens (bonitos), sair sozinha com um amigo ou rir das cantadas masculinas, sem ter que justificar que nada disso obriga você a dar bola. Ficar sozinha, mas com o coração livre, sem a prisão da mágoa, do arrependimento, do trauma ou da saudade. Ficar sozinha e assim querer permanecer, mas sem se fechar às possibilidades. Não ter desespero de ligar para o gato absurdamente delicioso que te beijou no fim de semana, só porque ele ser um dos mais desejados da cidade. Preferir suspirar pelo rápido momento no carro com aquele que tá debaixo do nariz e nem suspeita que é desejado. Poder decidir entre A e B pra programas X ou Y. Poder preferir tomar vinho sozinha ou sorvete Luluzinha. Desligar o telefone na cara do ex infeliz que se incomoda com meu blog e demonstra com palavras chulas, sem nem franzir a testa. Estranhamente gostosa a sensação de estar solteira...e feliz Dia dos Nãomorados!
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8 de junho de 2007
Os pentelhos dos pronomes possessivos
Incrível como o sentimento fajuto de posse se manifesta na gente desde não sei quando. Meus filhos de 8 meses, por exemplo, já escolhem o brinquedo da vez, ou seja, aquele que vai ser disputado a tapas, puxadas de cabelo e berros. O colo da mamãe (que deve ser mui gostoso, fala sério) também é só deles; ora da neneca; ora do leleco. Ah, sim, eles também são só meus, digo logo. E é a mesma coisa quando o totoso chega pra mim, na Jurandir Pires, e diz: "Renatinha, esse é o abajour da minha vida!". Putz, a gente riu, mas não soa da mesma forma como em: a música, o filme, o lugar e o homem/mulher/pet "da minha vida"? Sempre digo que odeio pronomes possessivos, mas achar que Kieslowski fez a trilogia pra mim não é posse? Que Florbela escreveu aqueles versos pra fazer malvadeza com meu íntimo ou Renato Russo fez aquela melodia só preu chorar? E que eu precisava ter a coleção de cachorrinhos da McDonalds, os DVDs de Almodóvar e o par de brincos com fotinha de Elis Regina...né posse não? É bom parar de ser radical nas colocações, yo lo sé. Tenho lá minhas mijadas nos territórios. Mas não creio ser tão estranho preferir os demonstrativos aos possessivos. Principalmente quando a questão são pessoas. Porque coisas até se pode ter. Mas gente é pra sentir, admirar, usufruir, amar. Eu acho que essência é pra isso. Não pra possuir, privar, castrar, comer, digerir, isolar, proteger ou outros verbos apocalípticos. Ainda mais porque o que a gente tem pode perder, mas o que a gente é ninguém tira.
7 de junho de 2007
Florbela me Espanca
"ÓDIO?
Ódio por ele? Não...Se o amei tanto,
Se tanto bem lhe quis no meu passado,
Se o encontrei depois de o ter sonhado,
Se à vida roubei todo o encanto...
Que importa se mentiu? E se hoje o pranto
Turva o meu triste olhar, marmorizado,
Olhar de monja, trágico, gelado
Como um soturno e enorme Campo Santo!
Ah! Nunca mais amá-lo é já o bastante!
Quero senti-lo doutra, bem distante,
Como se fora meu, calma e serena!
Ódio seria em mim saudade infinda,
Mágoa de o ter perdido, amor ainda.
Ódio por ele? Não...não vale a pena..."
"A UMA RAPARIGA
Abre os olhos e encara a vida! A sina
Tem que cumprir-se! Alarga os horizontes!
Por sobre os lamaçais alteia pontes
Com tuas mãos preciosas de menina.
Nessa estrada da vida que fascina
Caminha sempre em frente, além dos montes!
Morde os frutos a rir! Bebe nas fontes!
Beija aqueles que a sorte te destina!
Trata por tu a mais longínqua estrela,
Escava com as mãos a própria cova
E depois , a sorrir, deita-te nela!
Que as mãos da terra façam, com amor,
Da graça do teu corpo, esguia e nova,
Surgir à luz a haste de uma flor!"
Ódio por ele? Não...Se o amei tanto,
Se tanto bem lhe quis no meu passado,
Se o encontrei depois de o ter sonhado,
Se à vida roubei todo o encanto...
Que importa se mentiu? E se hoje o pranto
Turva o meu triste olhar, marmorizado,
Olhar de monja, trágico, gelado
Como um soturno e enorme Campo Santo!
Ah! Nunca mais amá-lo é já o bastante!
Quero senti-lo doutra, bem distante,
Como se fora meu, calma e serena!
Ódio seria em mim saudade infinda,
Mágoa de o ter perdido, amor ainda.
Ódio por ele? Não...não vale a pena..."
"A UMA RAPARIGA
Abre os olhos e encara a vida! A sina
Tem que cumprir-se! Alarga os horizontes!
Por sobre os lamaçais alteia pontes
Com tuas mãos preciosas de menina.
Nessa estrada da vida que fascina
Caminha sempre em frente, além dos montes!
Morde os frutos a rir! Bebe nas fontes!
Beija aqueles que a sorte te destina!
Trata por tu a mais longínqua estrela,
Escava com as mãos a própria cova
E depois , a sorrir, deita-te nela!
Que as mãos da terra façam, com amor,
Da graça do teu corpo, esguia e nova,
Surgir à luz a haste de uma flor!"
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4 de junho de 2007
Virou um caminhão de Viagra ali, ó
Mais uma da série Coisas que só Renatinha faz por você. E nem adianta pensar que falo sobre sexo por ser vulgar ou rodada, porque espontaneidade e conhecimento diferem muito de depravação (bom saber que meus posts são lidos por tanta gente otária, pois, além de exercitar a democracia intelectual, podemos todos aprender um pouco mais. E quem não me conhece, que me leve de graça). Enfim, algumas queridas me pediram para explorar um tema bastante batido, mas importante por demais: a ereção. Uma Amiga X, por exemplo, mal foi iniciada na arte do sexo e já se deparou com dois casos. "Eu não entendi porque foi ficando meio mole, se ele tava tão empolgado". É, minha cara, às vezes, a bronca está justamente na empolgação/afobação/desespero/medo de fazer feio/responsabilidade de arrasar. Não estamos falando de brochar, mas da conhecida meia-bomba "pau molão", como elegantemente definiu Tati Quebra-Barraco. É um negocinho inconveniente mesmo. Claro que a causa é quase sempre emocional, mas bebida, cigarro e drogas em excesso, por exemplo, contribuem muito para aquele efeito esponja. Aí complica pra mulher, porque o princípio basicão de toda fornicação é o tal do pau duro. Afe, tem que ser e pronto. Não dá pra trabalhar no meio mastro, fala sério. Mas é possível evitar esse mal - que geralmente ocorre com membros (literalmente) da Juventude, sem protestos, por favor. É que normalmente, os rapazes viris se sentem mais inseguros, nóiam mais ou pensam que têm que ser o demolidor logo de cara. Um desses, que se dizia praticante do Tantra (e era mesmo), conseguia passar séculos num mesmo fuk-fuk, sem gozar. O deleite dele era ver que a criatura tinha múltiplos orgasmos, enquanto ele alternava momentos de firmeza e esponjice. Certa vez, me arretei com a maria-mole momentânea e disse: "que porra é essa?". Ele: "tenho que me concentrar pra não gozar logo". E eu: "com esse pau molão quem não vai conseguir sou eu!". Foi cômico, mas funcionou na hora. E às vezes é isso mesmo: medo da ejaculação precoce (um parente me disse que o cara chega a pensar até na vó pra retardar o ápice). Mas e na "ejaculação" feminina ninguém pensa? Como a mulher consegue rebolar numa merda mole? Meninos e meninas, o lance é relaxar, esquecer o mundo e se concentrar naquele momento. Aí não tem pitoca lesa nem piriquita triste. Simples assim. Se acontecer, contorna-se. Mas se for difícil desnoiar, compra um Viagra na farmácia mais próxima e deixa a menina sambar em paz.
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2 de junho de 2007
O tudo de bem do nego bom
Meu trauma recentíssimo de bebida se foi. A maturidade volta a dar sinais, graças. Ontem, exemplo, comecei a tomar cerveja ao meio-dia, no aniversário de uma amiga. Tudo bem que era no Portal do Derby, mas foi legal mesmo assim. Porque o Nego Bom disse a frase legal do dia no brinde: "Tudo de bem, porque o que é bom pra você pode não ser pra mim, mas o que é do bem é bom pra todo mundo". Bom, ele é bom pra todo mundo (acredite) e mandou bem. O fato é que tornei a cervejar no Fofão e depois no Burb, até tarde. E nem deu pra ficar tonta, como de costume. Acho que foi porque eu tive, além de todos os queridos presentes, Fofo e Torta, tão amados! Eles nem sabem, mas me conquistaram desde um certo dia de fevereiro, quando dispensaram um programa animado pra me acompanhar num show regado a fossa - de graça e sem juros. E hoje foi outro dia surreal de tão bom (e do bem). O totoso e a galega vieram logo cedo pra mi casa, e protagonizamos nossa prometida sessão de vinhos e poesias. E mais crianças. E mais Noite Ilustrada. E Legião, claro. Florbela nos Espancou legal. "Menina danada!", definiu ele. Ela corou naquele poema aleatório. Eu me senti a própria no outro que disseram ser pra mim. E vinho e cachaça só deixaram tudo mais leve. E eu sei que ser feliz é meio que isso mesmo: ter amigos daqueles que chegam a dar aperto no peito e lágrima no olho. Pros quais dizer que é frágil não faz mal. E sobre os quais nunca é demais falar e escrever. E eu amo mesmo, com toda a permissividade do meu coração vagabundo.
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