8 de junho de 2007

Os pentelhos dos pronomes possessivos

Incrível como o sentimento fajuto de posse se manifesta na gente desde não sei quando. Meus filhos de 8 meses, por exemplo, já escolhem o brinquedo da vez, ou seja, aquele que vai ser disputado a tapas, puxadas de cabelo e berros. O colo da mamãe (que deve ser mui gostoso, fala sério) também é só deles; ora da neneca; ora do leleco. Ah, sim, eles também são só meus, digo logo. E é a mesma coisa quando o totoso chega pra mim, na Jurandir Pires, e diz: "Renatinha, esse é o abajour da minha vida!". Putz, a gente riu, mas não soa da mesma forma como em: a música, o filme, o lugar e o homem/mulher/pet "da minha vida"? Sempre digo que odeio pronomes possessivos, mas achar que Kieslowski fez a trilogia pra mim não é posse? Que Florbela escreveu aqueles versos pra fazer malvadeza com meu íntimo ou Renato Russo fez aquela melodia só preu chorar? E que eu precisava ter a coleção de cachorrinhos da McDonalds, os DVDs de Almodóvar e o par de brincos com fotinha de Elis Regina...né posse não? É bom parar de ser radical nas colocações, yo lo sé. Tenho lá minhas mijadas nos territórios. Mas não creio ser tão estranho preferir os demonstrativos aos possessivos. Principalmente quando a questão são pessoas. Porque coisas até se pode ter. Mas gente é pra sentir, admirar, usufruir, amar. Eu acho que essência é pra isso. Não pra possuir, privar, castrar, comer, digerir, isolar, proteger ou outros verbos apocalípticos. Ainda mais porque o que a gente tem pode perder, mas o que a gente é ninguém tira.

6 comentários:

Anônimo disse...

Nada contra os possessivos. Eles estão sempre presentes na minha vida. Detalhe: Renato fez aquelas coisas preparando o futuro, resguardando o que lhe esperava depois de viajar. Ultimamente ele tem me dito: "sou seu". Ai ai... amo os possessivos.

Anônimo disse...

Como é refrescante ler isso aqui!
No entanto receio q eu ainda tenha um longo caminho a percorrer até me soltar dos pronomes possessivos... De vez em quando dou um passo pra frente, às vezes dois pra trás...
Quem sabe um dia?

Amo-te, pequeña.

Anônimo disse...

Se for pra tirar proveito do mundo que seja para enriquecê-lo, como na canção:

"Afagar a terra, conhecer os desejos da terra, cio da terra - propícia estação - e fecundar o chão"

Ah e me cativa esta idéia:

"o que a gente tem pode perder, mas o que a gente é ninguém tira".

Valeu, minha linda!
Belos ensinamentos para noite de domingo..

Anônimo disse...

ah, renatinha, às vezes, um possessivo, e você sente-se acolhida no mundo... uma questão de pertencimento. quer ver? recife, minha cidade. esse minha muda tudo. e isso eu não posso perder, ninguém me tira. entendeu o raciocínio? agora amplie...
e beijocas para vocês três!

Renatinha disse...

Adoooooro esses comentários construtivos! Todos meeeeus! =) Bjos

Anônimo disse...

necessario verificar:)