1 de setembro de 2008

Ninguém é de todo bom


Que eu perdi a fé no ser humano já confessei há algum tempo. Acho que, assim, é possível evitar problemas e sofrimento gratuitos. E não por viver com o desconfiômetro ligado - talvez até seja por mantê-lo sempre calibrado. Quando se alimenta a imagem ideal das pessoas, basta um rabisco, um amassadinho para que se frustre com a realidade. Afinal, quanto maior a expectativa, maior a decepção. Esperar sempre o bom das pessoas faz com que nossos alarmes apaguem e as defesas se desarmem. Aí, se (ou quando) vier a bomba, sentimo-nos apunhalados pelas costas, arrasados, mais baixos do que o chão. Por que não deixar o coração avisado de que seres humanos têm demônios e anjos dentro de si? Que se pode esperar tudo e, ao mesmo tempo, nada de alguém? Afinal, não é por que o amigo, namorado ou a própria mãe amam que estão imunes ao lado podre de toda criatura. "Mas como e por que ele teve coragem de fazer isso comigo?", disse-me uma amiga dia desses. E, toda vez que alguém me fala algo do tipo, dá vontade de responder: "porque você permitiu". A vida já é tão dura para que ainda nos deixemos ser pegos de surpresa por traições de todos os níveis...Não custa ser honesto consigo e perceber que somos capazes das piores atitudes, assim como das mais santas. Por que seria diferente com os outros? E, ao aprender a acreditar menos na linearidade alheia, nos treinamos também a acreditar em nós, na nossa capacidade de filtrar e equilibrar vícios e virtudes próprias ou dos semelhantes. É aquela coisa: ao ver um velhinho de barba branca, roupa vermelha e pança, pense que ele pode ser o avô rubro-negro fofinho de alguém, e não Papai Noel logo de cara!

Um comentário:

Anônimo disse...

Excelente e equilibrada visão dos fatos, Rena. Se todos pensassem assim, teríamos muito menos rasteiras nesse mundo.
Só discordo do avô rubro-negro vestido de papai noel. Afinal, quem acredita em papai noel é a torcida do "outro time"...
Beijo grande