
Chega a ser até engraçadinha a forma como os rapazes comentam suas experiências beijoqueiras/sexuais (ou suas "participações amorosas", como eufemicamente define o pai de uma amiga) entre os coleguinhas. Importante ressaltar que muitas dessas experiências só acontecem sob o peso de contar pros pariceiros. O interessante é quando inventam uma narrativa especial - que julgam altamente criativa - para contextualizar as presepadas, com temáticas ligadas ao vaaasto universo masculino de interesses. O futebol é um dos temas preferidos para ilustrarem suas aventuras. "O atacante Fulaninho de Tal marcou mais um gol de placa contra a equipe Beltrana, enquanto o craque Biu Fulanão fechou o placar da noite em 3X1...". Os códigos realmente são insuperáveis. Outro dia, uma amiga recebeu convite pra dar um passeio na Viatura do Amor de um carinha! O motel ambulante e dirigível da criatura deve ser a sensação dos amigos durante os papos da pelada semanal, que, em vez de cuidarem cada qual do seu mundinho, se deliciam com as narrações absurdas de noites tórridas de sexo selvagem com mulheres gostosíssimas, que gozaram 357 vezes com eles. As mulheres, pelo menos as que estou habituada a observar, são mais secas e sinceras nas histórias, às vezes sem mencionar os nomes das vítimas, mas sempre com detalhes mais íntimos do que absorvente interno. E vale contar os podres do bofe metido a Dom Juan, claro. O time adversário do clube de Biu, por exemplo, deve se divertir compartilhando informações menos futebolísticas e mais novela mexicana/comédia pastelão a respeito do parceiro em comum, que, porventura, ache que está pegando geral as damas do mesmo ambiente sem ser percebido (e comentado). {Rá! Vá a mulher pegar mais um do mesmo grupo pra ver a merda que dá!}. Creio que as mulheres respeitem mais os paquerinhas, ao menos evitando coisificá-los e julgá-los pelos seus atributos/falhas/currículo. E bem mais criativas. Eles nem imaginam que as rabudas, peitudas e putinhas sobre as quais comentam os chamam de nomes como Pau Molão, Traficante, Animal, Boy-seqüelado, Pinto Pequeno, Cafuçu-mór, Mamãozão, Mala, Cão, Boneco Ruim, entre outos. E o melhor de tudo é não expor o rapaz, que nem tem culpa de ser bobinho, ruim de pegada ou projeto de canalha; mas merece umas risadinhas pelo bocão exagerado no quesito segredos de liquidificador.