10 de agosto de 2008

Sem sombra

(Tela Vampiro - E. Munch)

É hora, tira a máscara
Quero ver o que a alma esconde
O porquê de não ter sido nada
O para quê e o por onde

O sem nome
O sem mais
Encara sem perigo

Mostra agora a que te destinas
Qual o intuito do teu mistério
Observa meu pescoço exposto
Crava-lhe os dentes se te agrada
Mas a noite vai se acabando
E terás de comprar cigarros à luz do dia

Quem serás ao sol fervente?
Por que vens, se não te chamo?
Não nega, pois, esse confronto
Do intangível com nosso respirar

Se não és o que me pregaste
Temas não meu indicador, perdido em tua capa
Que sejas de outro nome e outro rosto
Um jardineiro, uma senhorinha

Já floriu, não tenhas medo, toda a essência que me faz súdita
És certeza, embora não existas

Mostra as mãos, mesmo calejadas
Toca, ainda que geladas
Pois conquistaste a paz dos meus dedos quentes
E te ofertarei um lenço ou uma bengala
Um café ou conversa fiada
Se fores só tu, sem sombra e de alma.


3 comentários:

Eduardo disse...

Um vampiro nunca entra sem ser convidado...
Belo texto, forte e doce.


Bjos Jornalista

Eduardo disse...

É verdade jornalista. Mas o verdadeiro reconhecimento vem com o tempo, e garanto que eles vão saber reconhecer o esforço. =]
Quando eu era mais novo, no dia das mães eu tbm dava um abraço nele e agradecia pela força e o esforço de estar sendo dois.

Bjos

Paranóia Ululante disse...

Adoro esse quadro do Munch!