5 de agosto de 2008
Primeira pessoa do plural
"Felicidade só é real quando compartilhada". A frase X do filme despretencioso ao qual assisti numa noite de domingo, a última de férias, ficou martelando no meu sono iminente (o último das férias?). Passamos tanto tempo da vida buscando a independência, a individualidade, o umbigo...até descobrir que contar o filme depois tem menos graça do que comentar com quem está segurando o saco de pipocas ao lado. Mostrar as fotos da paisagem apreciada nem se compara ao prazer de olhar e dizer nada a dois ou mais. E o compartilhar não significa enlace, companhia do sexo oposto. Simplório limitar de tal forma as relações. Dividir impressões, trocar confidências, falar sobre o óbvio, rir do mundo. Eis o não ser sozinho. Eis os pares e ímpares. O porquê de os álbuns de fotografia não expressarem mais do que as conversas nostálgicas sobre momentos vivenciados aos muitos. Os individualistas que me perdoem, mas companhia é fundamental. Passada a adolescência e os divisores de águas, fica mais gostoso experimentar o "nós", pois, além de se reconhecer a pobreza do "eu", elege-se com precisão os verdadeiros merecedores de um café, de um abraço, de uma confissão, de uma aliança. Apoiar-se nas próprias pernas e respeitar a identidade é sabedoria. Isolar-se no alto do ego, no entanto, é coisa de rebelde sem causa, charminho infantil, necessidade de provar uma auto-suficiência que não existe. Dessa perspectiva pequenina, a escolha do ser humano parece simples: expor-se à bagunça e ao barulho dos divinos/mundanos humanos ou (tentar) fugir do fantasma da solidão mantendo ligados a TV e o rádio.
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3 comentários:
Sabe o q é? Adoro a minha companhia! Claro que também fico feliz com todas as flores do meu jardim por perto e uma coisa não anula a outra. A simples idéia de vestir o q quiser (ou não vestir), assistir sozinha aquele filme q ninguém gosta (a não ser eu) me deixa nas nuvens... E faço coro ao poeta: "as possibilidades de felicidade são egoístas, meu amor".
bejus, fulô da maravilha
É, tb adoro me "ememesmar", não depender de ngm pra me divertir...só admito q a diversão é maior qdo compartilho, mesmo q em pensamento, telepatia, como nós. O prazer da pseudo-auto-suficiência é delicioso...mas passa rápido. =). xero
Felicidade compartilhada é, sim, o máximo, Rena. Desde que verdadeira e bem dividida. Sendo assim, não divide. Multiplica. Senão, melhor estar acompanhado de si mesmo. De toda forma, bateu forte aí no texto, vizinha.
Beijo grande
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