9 de fevereiro de 2008

Meu perdão


Gosto de observar as pessoas. Não pela profissão naturalmente inclinada a tal proeza, mas por sede de conhecimento sobre o ser humano e seu mundo, ininteligível tantas vezes, mas sempre fascinante. Talvez por essa característica (que pode ser defeito ou qualidade, dependendo das circunstâncias), seja fácil pra mim ver beleza em tanta gente. Amigos demais, uns dizem; boazinha demais, outros; Madre Tereza de Calcutá, segundo mais um tanto de próximos. A verdade é que, com todos os milhares de defeitos que tenho, costumo "ver a vida com os olhos do coração", como sempre repete minha chefe e amiga, ao admirar ou criticar minha maleabilidade em tratar as pessoas. E cito a querida chefinha justamente porque é uma das criaturas que aprendi a admirar de um jeito mais transcedental, além do birô. E tais seres humanos, sejam eles amigos, conhecidos, transeuntes, deixam em mim mais marcas do que imaginam. Gente que nem sonha que tanto admiro por simples detalhes de sua vida, por um gesto de grandeza que cometeu um dia ou pelo "bom dia" sincero e simpático no corredor. Dessas pessoas, mui nobres ou um pouco menos, costumo captar traços de beleza e, portanto, fica fácil amá-las. Minha memória nem é muito boa pra coisas recentes, contudo algumas frases - ditas, muitas vezes, sem a menor pretensão - me são absorvidas como ensinamentos pra toda a vida. Ficam guardadinhas pra sempre no coração e, nos momentos de dor, dúvida, alegria, soam como melodia da consciência, vozinha do anjo da guarda ou auto-aconselhamento. Uma delas, em especial, me veio com força nos últimos dias, quando cometi um grave erro, que, embora possa me justificar em "n" argumentos - principalmente na embriaguez excessiva -, me torturou com uma culpa absurda, capaz de me deixar duas noites em claro. Aí veio a danada da frase, junto com a lembrança do rosto daquela criatura tão sábia que a proferiu: "Não se deve julgar qualquer pessoa por apenas uma atitude". Nunca me esqueci da grandeza dessa premissa, tanto que me apoiei nela pra me perdoar. Se a primeira impressão é a que fica, azar o de quem se acha atirador da primeira pedra, juiz e intérprete da alma alheia. Quem nos conhece sabe do que somos capazes e do que fazemos apenas uma vez na vida, por algum surto materialmente inexplicável. E, se já perdoei tanta gente por tanta coisa feia, por que não me perdoar? Acho que também posso perceber meus fragmentos de beleza e me apoiar nas minhas poucas qualidades. Uma delas é o perdão fácil. Me perdôo então, pois, ao menos, sei quem sou. Fico então com mais uma frase ditada por alguém que nem sabia que nutria qualquer admiração por mim: "Se eu tivesse uma mãe como você e uma filha como você, saberia que minha vida seria de honestidade, coragem e amor".

3 comentários:

Wladmir P. disse...

Perdoe-se sempre, baby. Nossos erros são apenas vírgulas diante da eternidade. Xêro!

Unknown disse...

Quanto egotismo, heim?!

Bruno disse...
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