14 de janeiro de 2008

É uma bruta ansiedade


O oitavo pecado capital: ansiedade. Por esse, eu bem que mereço queimar no mármore lá dos quintos, sem perdão. Tantas foram as horas de cenho franzido, mãos inquietas, coração aflito, frio no estômago e pés balançando que cada instante zen tem valor inestimável. E, se tudo parece tão certo neste ano par, pra todo mundo, não custa ajudar os agentes invisíveis das energias do Bem com um pouco mais de calma. A tarefa é difícil pra quem faz mil coisas simultaneamente. Mas a impressão é de que se acerta mais vezes ao ativar o slowmotion do que nas agonias típicas dos seres afobados. Repara-se a estabanação de uma criatura ansiosa nos mínimos acontecimentos. A banalidade de passar manteiga no pão matinal, por exemplo, pode ser gravemente violentada pelo ansioso, que, atrasadíssimo para o trabalho, pensa, ao mesmo tempo, no horário do ônibus, nos alfazeres profissionais, na bolsa de valores de Nova Iorque, na população da China e em toda a pressa que tal contexto exige naquele momento. Resultado: mesa suja, pão frio, talvez um acidente do tipo café na roupa, língua queimada, soluço (afinal, você engoliu o pão como fosse líquido!) e topada no caminho, na melhor das hipóteses - caso o cocô do cachorro não esteja lá. Em assuntos amorosos, por exemplo, a ordem da afobação é pensar nas estratégias do dia seguinte, não esperar o dia seguinte ou mesmo acabar com qualquer ameaça de seqüência, já que ele não agiu como o esperado ao longo das últimas quatro horas. "Tá vendo? Ele não ligou antes das 18h. Sabia que era mais um canalha. Que morra, então!". Sim, é uma doença; afinal, seria possível curtir a tranqüilidade das ilusões amorosas durante alguns meses, até se descobrir a canalhice do cara, né? Eita, é exatamente isso. Ser ansioso é desperdiçar em minutos as emoções que podiam ser vividas em meses! Ou não. Ou...ah, se for lançar todas as hipóteses possíveis, estragarei minha terapia Uma coisa de cada vez. Isso porque não se pode visualizar minhas cutículas sendo ruídas e as pernas dançando na cadeira. Ai, só por hoje não me afobarei! Só por hoje!

2 comentários:

Wladmir P. disse...

"cenho franzido, mãos inquietas, coração aflito, frio no estômago e pés balançando que cada instante zen". Faltou uma coisa nessa lista: cutucar cravos :)) Bjos p tu!

PS: quero ver alguém me chamar de inocente, agora! eheheheheh

Renatinha disse...

"Mãos inquietas" já inclui essa mania, benzinho. =). E deixe de reclamar, q eu faço com jeitinho, vc sabe. Sim, e ngm te chamou de inocente, e sim de sonso. hahahahaha. Beijos aos pares.