10 de dezembro de 2007

Quem casa quer caso


Nem é maio, o (brega) mês das noivas, mas falar de alianças me ocorreu novamente. Isso porque, na mesma época, dois amigos me vêm se queixar da existência e da ausência, respectivamente, dessa instituição tida como essencial na nossa falida sociedade. Ele chorava suas pitangas por ter mais de 30 e ainda estar solteiro: "Sensação de ter feito nada na vida; não tenho um filho, moro com meus pais!", numa pausa de sua agitada e bem-sucedida vida profissional, acadêmica e social. Ela manteve os olhos secos ao ser acusada de que falar na simples existência do marido era-lhe triste, apesar de sua árvore de Natal já estar garantida ao lado dos porta-retratos da família feliz: "Não estou disposta a abrir mão de algo pelo qual tanto lutei", soltou. Meu ímpeto não seguido fora o de colocar ambos frente a frente e ficar observando o diálogo, se ele se desse; e tive dificuldade para me responder se estava ou não ficando louca. Só eu vejo pessoas se casando num mês e se separando no outro? Só eu vejo dor, frustração, mágoa, ódio entre casais que não se afinizam por laços mais puros? Sou fria demais (como dizem tantos) ou, ao contrário, uma romântica absurda (outros tantos)? O padre "fazedor de amores eternos" talvez possa me explicar por que é tão importante para o homem e a mulher formar família instituída a partir de tão fraco argumento chamado casamento...Quiça se atreva o magistrado "sabido" das leis que regem o matrimônio. Ou nossos avós, se a eles tivesse sido perguntado. Longe de mim assumir a identidade de Super-Odeio-Casais-Felizes, até porque já fui parte feliz e infeliz de casais. Meu Oscar-Rebeldia vai para a regra pré-escolar de que os seres vivos nascem, crescem, (casam), se reproduzem e morrem. Casar é objetivo de vida de muita gente, Nossa Senhora dos Coitados! E o que há de errado nessa constatação do óbvio é que não importa com quem se casa, nem o porquê. "Ah, tô ficando velha", "Poxa, ele vai ser um bom pai para meus filhos", "Mas é que não agüento mais viver com meus pais"...Como se casamento salvasse alguém. O que "salva" é ser o que se quer, não se frustrar, sentir-se em paz com ou sem alguém. Nem vou citar o amor, porque seriam outras tantas escritas...Mas o que vejo é a superficialidade tatuada em quem aposta no casamento como meta, nirvana, supra-sumo. Ser feliz e, portanto, casar é oração de sintaxe distinta de Casar a fim de ser feliz. Viva o que se une pelo coração, e não por motivos mundanos como status ou psicóticos como carência! E se o anti-cupido aqui aconselhasse a moça a trocar o marido pelo rapaz com mais de trinta? Ambos estariam felizes nos seus objetivos...e com os mesmos quatro olhos perdidos. E eu teria certeza (por enquanto apenas suponho) de que estou em pleno episódio de Além da Imaginação.

6 comentários:

Paranóia Ululante disse...

se for o caso eu caso por um acaso com o caso. =P

Unknown disse...

Os relacionamentos amorosos são reflexos de um presente de regras pouco definidas, com papéis que sofreram mudanças consideráveis, visíveis em outras esferas das relações humanas.

Se formos sinceros (lato sensu), poderemos viver um amor delicado, cheio de pequenos gestos, cuidados e entrelinhas, mas, me joguem pedras, promessa de amor eterno, pra mim, é perda de tempo ou forma de iludir ou iludir-se.

Aquele(a) por quem se faria tudo, hoje não significa mais nada.

Impermanências ... assim como as rosas amarelas...

Renatinha disse...

Genial.

nobody disse...

...

O comendador disse...

Paranóia Ululante: sua síntese foi genial. É isso mesmo.

Anônimo disse...

Faço parte dos que foram felizes e que querem ser felizes com ou sem casamento. Separado e querendo casar de novo.
http://oladraodepalavras.blig.ig.com.br