29 de junho de 2009

Síndrome de Tonha


Elas eram mais interessantes antigamente - como tudo, na opinião de quem tá perto dos 30. Não só as novelas, mas as personagens. Talvez porque fosse mais desafiador imaginar mulheres caricatas que não fossem cachorras, tchutchucas ou dondocas ocas. A fabulosa Heleninha Roitman, de Vale tudo, perfeitamente executada por Renata Sorrah, é um dos grandes exemplos de gente de mentira que merecia ser real. "Um mambo, por favor", pedia a cachaceira rica entre uma gaitada e outra, enquanto ainda conseguia proferir algumas palavras. Praticamente todas as de Jorge Amado também merecem menção, mas ninguém como Tonha para ilustrar a fase preferida das mulheres: renovação. Depois da tempestade...os cabelos novos, o banho de loja, o glamour. "Que venha essa nova mulher de dentro de mim. (...) Livre para o amor. Quero ser assim, senhora da minha vontade e dona de mim". A pobre madrasta de Tieta jamais imaginaria se tornar aquela deusa de roupa esvoaçante nas dunas, depois que o diabo velho que a oprimia literalmente desencarnara. Quem não quer se sentir uma cabrita do Agreste correndo na areia? Não importa se a gente levou um fora, um chifre, uma facada pelas costas ou uma simples topada, afinal o mundo gira, o mundo é uma bola, e você ainda pode se valorizar. Dar férias ao coração mazelado (bom que férias existem, mesmo que sejam alheias!) e investir no que realmente importa: cabelos, corpo, unhas, roupas! Está triste por que ele não te olha? Experimenta os modelitos recém-adquiridos e desfila praqueles 30 que babam por te ver até de saco de lixo. Está ansiosa esperando ele ligar ou ficar online? Arruma uma lavagem de roupa, ou melhor, vai fazer as unhas, porque lavar estraga suas mãozinhas. Raiva do otário da vez? Correr na esteira com ódio é a pedida; dizem que se queima calorias em dobro! A euforia pode ser tão passageira quanto a tinta do cabelo, a vida pode (e vai) te chamar para uma rotina de gata borralheira novamente, e outros Velhos Estêvãos podem surgir. No entanto, a Síndrome de Tonha não lhe deixará ser vítima de mais um cajado, e sempre haverá uma Tieta para bancar a viagem para o melhor destino que há em você.

2 comentários:

Juliana Coelho de Andrade disse...

Acho que tô sofrendo dessa síndrome... Ai, ai... Que alívio que dá. Ah! Amei a parte das férias, viu?

=***

Henrique disse...

Velho Estêves sucks! Viva Tonha!