7 de junho de 2009

Como arrumar namoro em 5 dias (ou Homens-megeras)


Engraçado como, em poucos minutos de uma noite pleonasticamente tediosa de domingo, é possível perceber situações novas a respeito do manjado, mas sempre surpreendente, time masculino. Principalmente quando as particularidades remetem a paradigmas relegados às fêmeas. Dia dos Namorados, bingo! O mês de junho mal chega, e já começam os olhares de peninha pra você, mulher solteira, que sempre procura (ao menos na ideia do senso comum), e não acha. Embora você procure ignorar, ao se concentrar nas garrafas de vinho que entornará sozinha num dia de restaurantes e motéis lotados, flores e pingentes clichês, carteiras e camisas cafonas, cartões de crédito estourados e sorrisos amarelos, é difícil não perceber que somos alvo da piedade alheia. Não há novidade, nem isso incomoda a maioria de nós. Exceto o fato de imaginar a noite maravilhosa que o ente amado terá com a provável "enta" (ou anta, ente...crente?) dele num dos bailinhos frequentados por pessoas acompanhadas (chifrudas, infelizes, descontentes, brochadas, porém atadas), pouco importa se o dia é doze, dê ou dá-ou-desce.

Os rapazes solteiros, contudo, não demonstram o mesmo desdém de ocasião. Não aqueles que contribuem para o desagradável, indesejável e cansativo estereótipo masculino. O adjetivo "solteiro" até lhes pode soar bem nas deliciosas danações pelo mundo da esbórnia, porém, no Dia dos Namorados, marco na cultura Sou Infeliz, mas Tenho Cônjuge (experimente substituir o termo em itálico por corno, brocha, puta, mal-amado, doentinho), é o cúmulo do desespero. A fim de fazer parte da massa que lota as filas dos recantos do amor na data, apelam para ex-namoradas, lista telefônica, amigas solteiras ou até contatos virtuais. Sem querer voltar à época quase-feminista deste bloguinho, impossível não constatar o quadro tétrico diante de abordagens, quase simultâneas, de uma inquietação incoveniente. A apelação começa com o telefone beatle insistentemente cantando If I Fell (tá bom de trocar esse toque, eu sei) e em cujo visor aparece o nome de um ex que acaba de virar ex de outra e, talvez por isso, tenha entrado na onda de apelação. Em seguida, um cafuçu para o qual você nunca deu bola tenta parecer casual: "Oi, minha linda, quanto tempo! Moramos tão próximos...vamos marcar uma? Que tal um chopp sexta?". O silêncio como resposta, depois alguns comentários sobre a vida, o tempo e o futebol, nova investida: "...mas e aí? Quinta ou sexta?". Quase ao mesmo tempo, uma janela te assombra assim:

Boa Praça diz:
sendo bem honesta (como eu sei que vc sabe ser)...
Boa Praça diz:
tu sente o que por mim?

Renatinha * só por hoje diz:
afe, meda! ngm merece esse tipo de conversa num domingo a noite. e logo assim de cara

Boa Praça diz:
não me venha com subterfugios gata...o que vc sente? (...) Sei que não temos nada, mas o q vc acha de mim? (...) Sim, mas como vc me vê?

Renatinha * só por hoje diz:
Estou participando de alguma enquete, algum episódio de Fica Comigo? Depois diz quantos pontos fiz no ranking

Não, não foi o último a ficar puto. O ex e atual solteiro-ligador, reclamou via msn: "sempre com desculpas/faz meses desde a última vez em que nos vimos/ Não use seus filhos como escudo/Não é só comigo que vc farrapa? Não me interessa saber com quem mais é, entendeu?".

Estou enlouquecendo ou esses rapazes estão com Síndrome Pré-Valentine's Day??? Que diabos a criatura tem a ver com a solteirice alheia? Estaríamos nós, avulsas, dando falsas esperanças a esses coitadinhos? Mesmo as mulheres práticas na negativa, que nunca deram trela a A, que disseram não a B e sequer tiveram algo com C? Os cuecas não estão cobrando raspas e restos sem analisar que talvez nunca tenham tido um pedaço inteiro ou mesmo tenham dividido seu próprio pão? De repente, travestiram-se das megeras de que tantam reclamam, que cobram compromisso sem qualquer fundamento ou critério? A reflexão até que pode ser útil se colocarmos nosso passado no espelho...talvez esteja lá a imagem da insegurança, do desespero, da carência fantasiada de solidão. Mas alguém precisa dizer a eles que, tal qual pochete, suspensório e trancelim dourado, megerice não combina com a maravilhosa aura prática, tranquila e aparentemente firme do homem. Ou que apelem para Par Perfeito, Disk Amizade e bonecas infláveis...quem sabe, com êxito, não descolem a companhia ideal para o Forró dos Namorados?

4 comentários:

carlos magnata disse...

esses caras são uns babacas, mas, e aí, o que tu sente por mim? e o que vai fazer sexta à noite? que tal um chopps e dois pastel?

eu tou solteiro e tranquilíssimo.

xero, muié

Eduardo disse...

Jornalista, Jornalista, isso é o retrado da época e que vivemos.
Da antiguidade clássica, idade média, era das luzes, chegamos à era da carência.
Nem o Louis, de entrevista com o vampiro, iria sobreviver a ela.
Quanto a nós, miseros mortais, tentemos chegar ao fim sem termos um surto psicótico. ^^

Saudades de ti.

carolis disse...

Adorei os trocadilhos e a sonoridedade das palavras deste texto! =)

P.S.: Ei, tu não tais escorregando feito sabonete dentro d´água, não?!?
Esse post me lembrou aquela música old school de kid abelha...

solin disse...

olha lá
h_h