The Yellow House - Van Gogh
De volta à casinha amarela, de onde parti tão cedo. Agora as casas são muitas. E de todas as cores. As pessoas, contudo, são as mesmas. O rapaz que conserta sapato do mercado, a manicure, o senhor da venda...Os meus cabelos também já mudam de cor. Minha casa não é mais dourada. Amarelo o meu sorriso, por vezes...mas sempre presente. Como as casinhas e os becos, os morros e as vielas. As crianças de hoje se encantam com o cenário onde já joguei bola e brinquei de esconde-esconde. Mas eu também podia de noite. As crianças de ontem inda batem na minha porta. Não são mais meninos-amarelos. Nunca saíram das ruas velhas nem das memórias daquele sol a se pôr quase alaranjado...ou cor-de-rosa. Prédios cutucam o céu, mas os transeuntes parecem não se incomodar. Também eu não me importo. Da minha casa, tudo é alto. E olhar para cima permite vislumbrar arco-íris. Fecho os olhos e sinto o cheiro de chão molhado. Calçadas sendo lavadas pelas senhoras de lenço na cabeça. E elas sorriem, como outrora. Vejo meu avô chegando, e o cheiro agora é de pão quente. Pastel de nata na boca e - Depois eu como, vô. Vou pra rua! Ao abrir os olhos, vejo as crianças pulando, agoniadas. Elas balbuciam "pa rua". E vou com elas, saltitante. Pras ruas de Casa Amarela.
De volta à casinha amarela, de onde parti tão cedo. Agora as casas são muitas. E de todas as cores. As pessoas, contudo, são as mesmas. O rapaz que conserta sapato do mercado, a manicure, o senhor da venda...Os meus cabelos também já mudam de cor. Minha casa não é mais dourada. Amarelo o meu sorriso, por vezes...mas sempre presente. Como as casinhas e os becos, os morros e as vielas. As crianças de hoje se encantam com o cenário onde já joguei bola e brinquei de esconde-esconde. Mas eu também podia de noite. As crianças de ontem inda batem na minha porta. Não são mais meninos-amarelos. Nunca saíram das ruas velhas nem das memórias daquele sol a se pôr quase alaranjado...ou cor-de-rosa. Prédios cutucam o céu, mas os transeuntes parecem não se incomodar. Também eu não me importo. Da minha casa, tudo é alto. E olhar para cima permite vislumbrar arco-íris. Fecho os olhos e sinto o cheiro de chão molhado. Calçadas sendo lavadas pelas senhoras de lenço na cabeça. E elas sorriem, como outrora. Vejo meu avô chegando, e o cheiro agora é de pão quente. Pastel de nata na boca e - Depois eu como, vô. Vou pra rua! Ao abrir os olhos, vejo as crianças pulando, agoniadas. Elas balbuciam "pa rua". E vou com elas, saltitante. Pras ruas de Casa Amarela.