1 de novembro de 2010
A gente acaba perdendo o que já conquistou
É triste mesmo assim. Comemora-se vitória política significativa e indispensável à evolução de uma nação e, ao mesmo tempo, chora-se pelos que ficaram no caminho. Não os que foram com os anéis, mas aqueles que escorreram por entre os dedos. Por mais que os ânimos estivessem acirrados, quando dos momentos de discussões construtivas acerca de porquês e destinos que permeiam um povo historicamente oprimido - e que, aos poucos, tem conseguido se libertar das velhas correntes físicas e ideológicas -, muito podia ter sido calado. O fato é que não se trata de opiniões distintas sobre gostos, músicas preferidas, times de futebol. São os mais sinceros valores que se mostram em momentos decisivos. E, por mais que se respeitem as diferenças, alguns laços - talvez frágeis desde o início, mas disfarçados por cores cintilantes - se rompem efetivamente. Murros na mesa, frases grosseiras, provocações no ciberespaço...tudo muito feio. Como voltar à mesma mesa com ela? Ou encarar as sessões de cinema ao lado dele? Velhos amigos, de muitos anos atrás...Mas vale tudo pelo ideário político? Ou vale tudo pela amizade consolidada? Penso que temos de refletir sobre nossas posturas sim...mas, por outro lado, é relevante observar os discursos reproduzidos por aqueles que, por amarmos, parecem-nos semelhantes. Talvez o problema esteja aí: procuramos as semelhanças e fechamos os olhos para as diferenças. Essas construções costumam ruir em situações-limite. Mas as fotos não as rasguemos. Calibremos, portanto, nossos limites. Ampliemos a faixa da nossa tolerância. Ou sejamos apenas menos amigos do nosso orgulho ferido.
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3 comentários:
"[...]e nossa história não estará pelo avesso assim, sem final feliz / teremos coisas bonitas pra contar / e até lá, vamos viver / temos muito ainda por fazer, não olhe pra trás / apenas começamos / o mundo começa agora / apenas começamos".
Renato Russo in METAL CONTRA AS NUVENS (postaram isso lá no meu blog...)
A vida é uma eterna guerra. Porém acho que a única coisa que ecoa quando deixamos o mundo são os princípios pelos quais vivemos...
Na república dos afetos não há democracia certa.
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