Se fosse cena de filme provavelmente aconteceria num fim de tarde nublado, em Nova Iorque, biblioteca, com uma esbarrada daquelas em que se derrubam livros e papéis infinitos. Foi, todavia, no meio da escada do trabalho; ele subia, ela ensaiava descer. Diante do semblante cansado daquele senhor que ofegava, desistiu do caminho e ofereceu-lhe um copo d'água, gesto que, esforçando-se, agradeceu com um encantador: “é muita gentileza sua”. A mocinha o serviu com estranha satisfação, e quedou-se pensativa durante toda a tarde. Por que simples doçura de um senhor de 80 anos a surpreendera com tão intensa sensação de prazer? Mais tarde, refletindo em grupo, percebeu que o fato lhe pareceu distinto somente por ter fugido à regra de tratamento ofertado por parte da maioria dos homens que a ela se dirigiam ultimamente. Não que inexistissem rapazes e senhores educados; contudo, tanto eles teriam se esquecido da gentileza típica dos distintos homens antigos quanto as mulheres haveriam se acostumado com o moderno jeitinho inconveniente ou de pouca sensibilidade dos marmanjos. Depois da prosa, pensava, no caminho para casa, em como os homens tinham se tornado não só desajeitados, mas desinteressantes. E como era triste admitir o fato! Por outro lado, aliviava seu coração perceber a razão pela qual não tinha gana de se envolver com nenhum dos tantos que a cortejavam. Bonitos, espertos, carinhosos e até gentis; mas de longe pareciam com os antigos cheios de cortesia para com as moçoilas. É verdade que as conquistas da autonomia feminina contribuiram para o tratamento "como igual" dado às garotas, mas ser encarada como parceiro de cerveja nunca deixou qualquer mulher encantada, com face rubra, pelos arrepiados ou coração nervoso. Talvez fosse a saudade desses sintomas que a desestimulasse com os pretendentes. Respeito, gentileza e finesse estariam fora de moda. Mas nada tão antiquado quanto esperar que as mulheres se sensibilizem com o pouco esforço de los hombres. Descera da condução sem pressa. Observou as flores da praça que pouco percebia no roteiro casa-trabalho, achou graça das crianças que brincavam com os cães na vizinhança e sorriu. A culpa não era dos rapazes, mas dela. Daria menos importância aos que não a faziam parar como o senhor das escadas. Os degraus, certamente, a conduziriam a andares mais altos.
30 de setembro de 2009
24 de setembro de 2009
Blasé
Você percebe que está chata não só porque seus olhos exalam tédio. Mas quando se vê ofertando respostas secas, grosseiras, burras ou mesmo crueis às criaturas. Como não tivesse a fazer o mínimo esforço para responder...sem se dar ao trabalho de maquinar. A boca mal se mexe, e o cérebro nem processa. Sobrancelhas altas e: bla. Cara de nojo e: bla. Olhar de abuso...argh. "Minha opinião sobre isso? Mulher é otária, não se preocupe. Quando tá apaixonada, fica idiotamente cega, embora os homens mereçam comportamente diferente". "Ficha na radiola de ficha é um real, como o preço dos homens. Em suma, homem é como radiola de ficha: você compra, desfruta, acaba e paga o mesmo por outras". "O que me incomoda em você? Relaxa, nada que fuja da sua natureza". Desconfie se as pessoas começarem a ter medo de falar com você. Sinal de que, antes dos 30, pode estar se transformando numa velha amarga tomando seu vinho, fumando charuto e ouvindo Piaf, de batom carmim borrado. Blasé.
16 de setembro de 2009
Quando eles fazem direitinho
Saudosa a figura do canalha clássico na fauna masculina moderna. Flores, gentilezas, "princesa" pra lá e pra cá. Você sabe que é mais uma das tantas que ele corteja, sabe das desculpas esfarrapadas, enrolações, fingimentos...mas, se o danado banca direitinho o papel de galã das 21h, tornamo-nos mas suscetíveis às névoas da paixão ou a outros desvios de conduta. O homem que sabe faz a hora, não espera acontecer. Bastam um motivo e uma noite para que conquiste a prenda exatamente do jeitinho que ela quer/espera. Algumas posturas, mesmo manjadas, são universais. Jogar-se na pista, por exemplo, funciona praticamente sempre. A velha Dança do Acasalamento, que o rapaz provavelmente nunca repetirá caso engatem um romance mais "sério". Falar de poesia, demonstrar intimidade - na medida certa - com assuntos femininos, amar os seus filhos, elogiar seu cabelo, pagar a conta e pegar de jeito. Eita, danou-se! Entre as risadas que você, mulher sábia e conhecedora das artimanhas típicas da espécie, dará aos montes, vale bancar a mocinha das 18h, piscar os olhinhos rápido, cheirar a flor e levantar o pé no beijo. O risco é cair com tudo no affair. O que deve ser menos perigoso do que passar a vida sem riscos e rabiscos dos adoráveis sedutores que tanto inspiram nosso mundinho fútil.
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escreve um post pra mim,
princesa
7 de setembro de 2009
Manual dos gigofuçus
Sueli, personagem da vida real já apresentada por estas bandas, amarga uma revolta. Por outro lado, gaba-se da larga experiência num mundo muito particular, o dos gigofuçus - misto de gigolô e cafuçu. Observara, em suas infames experiências, que os representantes da classe seguem manual de instrução (também conhecido como a bíblia ao avesso ou guia do cão...). Condensou, portanto, em nove as leis que regem os gigofuçus, e pede às moçoilas desavisadas que fujam dos tipos como o diabo foge da cruz. Sigam-na as boas e peguem-se os bons:
Manual dos gigofuçus - As 9 leis
by Sueli
"Artigo 1
Parágrafo 1: O homem tem que ter palavra (kkkkkkkkkkkkkkkkkkk, parece piada, mas não é. Eles realmente pregam isso )
Parágrafo 2: Por que gastar o meu quando posso gastar o seu?
Parágrafo 3: Há três coisas que me excitam em uma mulher: os peitos, a bunda e a chave do carro!
Parágrafo 4: Para ter sucesso na vida, não é preciso ter mais que o ensino fundamental.
Parágrafo 5: Homem não mente, homem esquece de contar.
Parágrafo 6: Colocar crédito no celular? NUNCA! Qualquer coisa, ligo a cobrar!
Parágrafo 7: Se eu usar camisinha, como irei sentir seu calor?
Parágrafo 8: Motel bom é aquele em que eu só preciso gastar meu pinto!
Parágrafo 9: Eu faço amor gostosinho, mas meu preço não chega a um real!"
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a vingança de Sueli
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