Dizem que ter um filho é ver seu coração bater fora do corpo. E que, em coração de mãe, sempre cabe mais um. Que, às vezes, ele ameaça sair pela boca. Que amor com amor se paga. Que amigo é coisa pra se guardar do lado esquerdo do peito.
E tantos jargões, ditos e verdades, ainda assim, não são capazes de mensurar todas as habilidades e superpoderes desse romântico órgão. Coração também é elástico, inflável, invisível, divisível, multiplicável, camuflável, desdobrável. Sim, desdobra-se fácil, não? Ao menos o meu tá aqui, tá no Rio, em Petrolina, em Brasília, em Porto Alegre, em São Paulo...aliás, soube que ele está até procurando apartamento em Sampa, ó. É que nobres e invulgares habitantes deste posto cardíaco estão indo aos montes para lá. De avião e saia. De cabelos modernos. Com e sem acompanhante. Com e sem aliança. Sem passagem de volta. Com sorriso no rosto, brilho nos olhos... Impossível estar triste. E os meus olhos apenas umedecem. Não iria inundar meu super-herói pulsante. Até porque ele atravessa limites geográficos em segundos e até ensaia alguma telepatia. Não, coração, vou te deixar livre mais uma vez. Vá e volte, dance e pule, transcenda. Sim, coração, qualquer dia, eu volto a te encontrar.