26 de maio de 2008

Mais louco é quem me diz que não é feliz

(Loucura-Vincent Van Gogh)

Louco é até bonitinho de falar. Tornou-se adjetivo dotado de charme e utilizado também para caracterizar pessoas legais que se aventuram em uma ou outra situação. O conceito primário do termo, no entanto, passa a idéia de pessoas, no mínimo, temíveis pela própria natureza. Talvez pelo fim dos sanatórios ou pelo aumento da população terráquea, tais figuras desajuizadas saíram das novelas e estão, cada vez mais, presentes no convívio dos aparentes mente-sana. Embora loucura seja termo altamente questionável, paupérrimo e feio para definir os seres perturbados por esse ou aquele motivo/doença/trauma/confusão momentânea, é infelizmente boa alternativa para se falar das paranóias humanas de maneira popular.

Comunidades no orkut intituladas "Sou pára-raio de loucos" são apenas um dos sinais da invasão insanidade que paira. Um querido está prestes a usar camisa-de-força ele mesmo depois de experiências seguidas com "loucas". Convencido de que se trata de carma, ele teme se aproximar mais profundamente de qualquer criatura de saia, a fim de evitar ataques de ciúmes, mudanças repentinas de humor ou até faca no pescoço. E como convencê-lo de que o mundo não é tão dodói assim se "de perto ninguém é normal"? Numa olhada superficial, paletós, saltos e óculos decentes demonstram charme e distinção; aproxime-se, conheça, e dificilmente escapará de escandalizar-se com algum comportamento estranho/bizarro em relação à opinião comum.

Quando se trata de relacionamentos, o bicho pega (e, se ficar, ele come. Corra, Lola, corra!), uma vez que se passa a conviver mais intimamente com a criatura. Classificar de loucos tão somente seria simples não parecessem normais ao olho geral. "Vai comer um quilo de sal com ele", diriam os matutos. Sábios. Amigos, amantes, colegas de trabalho, parentes...Lindos, loiros e loucos, basta surgir uma situação crítica com a qual não saibam lidar. Meda! Não vale julgar alguém por única atitude - alguns fatores facilitam o aspecto lelé-da-cuca de alguém, a exemplo de bebida, remédio, TPM, trauma recente...Todavia, se o outro é fichado no hospício, apresenta traços de desequilíbrio e, principalmente, faz sofrer alguém, a solução é cair fora. Por que pagar pra ver? Não há exemplos suficientes do que pode causar a alimentação da loucura alheia? E se somos nós os insanos, não devemos nos tratar de alguma forma para descobrir e quiçá curar nossos fantasmas grotescos, nossos monstros e bruxas de olhos arregalados e risadas macabras?


Uma Amiga X estava encantada com um homem que conhecera e com quem estava saindo havia quase um mês. Ao apresentá-lo às amigas, casualmente, uma delas a chamou em particular e disse que o infame era louco e que ela corria risco de vida. Não, ela não achou que, com ela, ele fosse se jogar novamente do apartamento ou tentar invandir sua casa. Confessou estar intrigada o suficiente para continuar.

Outra ignorou o passado de confusões narrado por ex-namoradas, ex-colegas de trabalho e até pela família do cabra da peste e passou pelas mesmas coisas sobre as quais foi avisada. Amigos psicólogos corrijam, mas muitos psicopatas com diferentes problemas são altamente sedutores. Quando a criatura já está envolvida, é difícil sair incólume. Sinais, luzes de alerta vermelhas piscando no subconsciente, conselhos de entes queridos e desconfiômetro. Melhor acreditar mais nos avisos antes de embarcar na doença do outro e se perder nos caminhos medonhos da mente.

10 comentários:

Anônimo disse...

MHUAHAHAHAHAHAHA!!!!!!! (risada louca, estilo "esse castelo será meu" - prof. abobrinha)

Eduardo disse...

Pois é jornalista, os psicopatas, sociopatas e perversos são altamente sedutores e inteligentes. Nunca se sabe quando se estará frente a frente com um desses tipos. Vale lembrar saudoso Hanibal, que no segundo filme da trilogia, se tornou nada mais que um curador de um museu.
Existe muito mais desses tipos andando por ai do que se imagina. Por isso, antes de se aprofundar (em todos os sentidos) na outra pessoa, anamnese psicopatológica nela urgente! rsssssss

Conheço muiiitos!
rsssss

Eduardo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Renatinha disse...

Obrigada, psicólogo! =*
Obrigada, psicolouco anônimo! =*

nobody disse...

pois é... até aquela doce velhinha que vc encontra na padaria pode oferecer perigo! não confio nem na minha mão esquerda.

Unknown disse...

Oh, dicotômica loucura! Patologias a parte (ou não!?), perturbação é o que não me falta.

"(...) mas eu não quero me encontrar com gente louca - observou Alice. Você não pode evitar isso - replicou o Gato. Todos nós aqui somos loucos. Eu sou louco. Você é louca.Como sabe que eu sou louca? - indagou Alice. Deve ser - disse o Gato -, ou não teria vindo por aqui. (...)"
(L.C. - Alice no País das Maravilhas (tinha de ser!))

Küsse...vermisse dich.

Renatinha disse...

Eita, só tu mesmo pra lembrar Alice. Gracinha =*. Má, nem te disse que abandonei o curso de Alemão...mas entendo algumas (meias) palavras =). Küsse!

Nobody, eu tb tenho medo da tua mão esquerda (e olhe que a canhota sou eu!) quando estás braba...mas claro que o golpe jamais seria em mim. =*

Anônimo disse...

Grande sacada, Rena. Difícil, às vezes, perceber os loucos que nos rondam. E aí, já foi. Mas fica a sugestão: antes de qualquer aproximação, um teste psicotécnico.
Transcrevi o texto no meu blog.
Bjs

Renatinha disse...

Beijos, meu querido! Obrigada novamente pelo crédito. E "seje" bem-vindo =*

Anônimo disse...

Ahhhhhhhhhhh
sou louca mermo!
bjo
Tâm