Nessa toda-vida de simpatia, além de ouvir elogios masculinos sobre como você é diferente das outras - na verdade, queriam dizer: "isso mesmo, pequena lebre. Assim boazinha fica mais fácil abater" - as meninas-sempre-gentis-com rapazes colecionam roubadas, decepções, tempo perdido e um time de vermes a exterminar. Ainda correm mais risco de se envolver com trepeças só para não parecer malvada. "Veja bem, você é ótimo. É que realmente não dá, pois estou sem tempo", diz a boazinha, que, em vez de se livrar, vai atiçar o intento masculino de importuná-la. "Pega o beco e vaza!", resolveria, em dois tempos, a Mulher Fresca.
Não se pode culpar os rapazes. Afinal de contas, eles sempre acreditam que o sim de uma dama depende de sua habilidade de conquista. E não nos esforçamos muito em desmenti-los também. É válido deixar que se sintam os caçadores, mesmo que tenham eles caído na armadilha. Agora acreditar que toda mulher é uma anta ou algum tipo de boneca inflável virtual para alimentar a imaginação de machos carentes é demais. Seria diferente, no entanto, se tantas dessas mulheres não se passassem realmente por essas antas, bastante comuns em chats e redes sociais. "De onde tc? Qual seu manequim? Tem "marquinha de praia"? "Depende do modelo do seu carro e dos números do seu contracheque", deviam responder logo as pseudoboazinhas. Argh!
Excluiu a criatura que adicionara só para justificar que não estava interessada em bate-papos com estranhos. E orgulhou-se do que dissera ao rapaz, antes de ele a chamar de fresca: "Vê bem: não vou ligar webcam, não gosto de mandar fotinhas e ficar de conversinha com gente que não conheço, ok?". E foi ao shopping comprar o maior salto que já teve; não antes de ensaiar caras, bocas e egípcias para distribuir (e repelir) por aí.