20 de julho de 2009

Irreversível


"O que é demais nunca é o bastante, e a primeira vez é sempre a última chance". Ok, eu sei que Legião é auto-ajuda tanto quanto vocês sabem que pouco me importo com tal fato. A verdade é que todos os lugares-comuns têm um fundo de cidade. Bom pensar na chance única dos fatos e feitos para não esperar pelo incerto. Decerto, nem se sabe se o amanhã virá, ou se ele será propício a vivências que nos parecem importantes hoje. Talvez não reflitamos muito sobre esse valor aqui-e-agora de atitudes e principalmente de pessoas. Ao contrário, descartamo-nas sem bem nos darmos conta de quão feio pode nos aparentar esse ato quase involuntário. Descartáveis de acordo com nossa fases/objetivos/intenções, as criaturas vão e vêm como num jogo de cartas marcadas, que podem se perder pela manga ou no cantinho da mesa. Triste observar como todos fazemos esse mesmo jogo, um totó com bonecos de tinta descascada, a sinuca da periferia da cidadela de interior. Somos peças, ativas ou passivas, mas sempre manipuláveis e manipulantes. Não há de se assustar. Apavora é a ideia do irreversível. E se fizemos a jogada errada? E se o blefe não deu certo? Cartas na mesa, jogo feito. Não voltam as peças a dançar conforme nossa música. Jamais terão aquele brilho no bailar das nossas tramas, do nosso bel-prazer. E como poderíamos tê-las feito ganhar...Deixamos passar, pois. Se não as teremos como antes, ao menos façamos delas mais do que pedras de um dominó ímpar, quando poderemos sentir falta de partidas mais dignas que não acontecerão.

5 comentários:

Claudio R. King disse...

Um amigo diz que escritor que se preze, não elogia outro... eu sou um escritor que me prezo e acredito que ele não fez referência a elogios à escritora. Li alguns textos aqui, crônicas de excelente qualidade, sarcasmo na medida certa, inteligencia de sobra... A mulher goiaba me fez viajar

Eduardo disse...

No jogo da vida as apostas acabam sendo altas mesmo. E a falta é o que acaba por dar valor ao que se deseja.
Eu continuo jogando paciência, tentando, de 3 em 3 cartas, terminar um jogo que nem sempre dá certo (seja pelo ás que não consegui desvirar, seja pelo 3 de copas que ficou preso).
Então resta embaralhar as cartas e tentar tudo novamente.
De vez em quando também assobio minha auto-ajuda... "...eu tenho meus amigos e quando a vida dói, eu tento me concentrar num caminho fácil..."

Henrique disse...

Sem querer apequenar o debate... Quando você diz "a sinuca da periferia da cidadela de interior" você está se referindo a algo do tipo "Ouricuri"?

Renatinha disse...

Uau! Muito bom ser visitada por gente de peso como os senhores. King, muito obrigada. Vou dar umas goiabadas nas tuas escritas tb. hehehe

Caquinho e Karl (pode ser Ouricuri, mas acho q ainda não chegou sinuca por lá...), amo =*

Clarice Compasso disse...

irreversível é apavorante. Eu bem já passei por isso... beijos