
Tudo bem, eu vou falar de motel. Não, não precisa mais implorar. Seu desejo é uma ordem. Eita, e até que falar de desejo super tem a ver com o tema, né? Quando o clima tá fervendo, vale qualquer lugar. Mas há quem aposte nos detalhes da casinha do amor para o sucesso ou o fracasso da noite de fornicação. Tudo começa pela escolha da suíte, que pode ser feita a partir da aparelhagem e plus que o quarto possua ou pelo preço mesmo, que sempre é alguma coisa e noventa centavos (R$ 29,90; R$ 49,90...). No menu, antes de adentrar o recinto, tudo é lindo. As descrições daquelas Master, Super, Luxo, Power, Love, Grand, Avalon e outras hipérboles em língua estrangeira sugerem o paraíso: hidromassagem, teto solar, ducha quente, TV a cabo, videokê (por favor, alguém me diga q já cantou no videokê do motel para eu gargalhar), motosex (tão sexy quanto um touro mecânico), ar-condicionado, cadeira erótica (lembra cadeira de dentista, nada erótico), luz negra e as refeições de cortesia (cada vez mais raras). "Perfeito! Primeira opção, por favor". Ótimo quando tudo dá certo, as luzes todas acendem, o chuveiro molha direitinho, o travesseiro não é inflável e o condicionador de ar resfria. Uma amiga diz que se encanta com as luzes: "É a primeira coisa q eu faço! vou logo acender e apagar as luzinhas...assim fica claro, assim fica escuro, controla ali, acolá...". Outra criatura que conheço é louca por aquele cheiro de talco ativo que indica limpeza recente (que deve ser feita com pano molhado com o desinfetante-talquinho e nada mais). Cama redonda, desenhos do kama-sutra, espelhos e teto solar também estão entre os itens preferidos da galera. Agora, coisa ruim tem de tuia. Um amigo, por exemplo, não suporta aquelas esculturas, quadros e outros monstrengos metidos a arte-sensual que decoram os quartos. "A pessoa olha pro lado e vê uma piriquita de cimento toda tronxa. No outro, uma tela com a silheta tosca de um casal deformado", reclama o boy. Sem falar no agradável sabonetinho, cujo cheiro (quase nulo) todo mundo identifica na rua. Ah, mas o que importa é o amor, claro. Qual o problema se apareceu uma barata, se tem vazamento no banheiro ou se faltou dinheiro? Quem se importa com os bilaus de borracha à mostra para compras na cabeceira da cama e aparelhos de som que só sintonizam na Rádio Fucking Hell Songs? Que nada, o amor é lindo! Depois de pagar com o cartão, é só passar pela portaria a pé e esperar o ônibus na parada mais próxima.