24 de março de 2011

Mulher macho sim sinhô

Enquanto isso, na sala de esteiras...chega uma segunda garota para sua corrida habitual. O carinha já tinha achado engraçado o fato de eu ter desligado o aparelho - há um para cada esteira - quando passava Big Brother, e ter ligado para assistir ao jogo do Santinha. Na segunda moça, ele não se conteve: - Olha, você pode mudar de canal com aquele controle-remoto. E a menina: - Não, é esse mesmo que quero assistir. E quedou-se perplexo ao observar os comentários entre as duas desconhecidas interessadas no futebol. Lembrou-me duas ocasiões em que fui chamada de "macho" por amigos, e que me incomodaram bastante. Pelo fato de constatar a imagem de mulher que eles têm. Você não é mulher se você não desceu do carro ofendida quando eles falaram da boazuda que atravessava a rua. Você não é mulher se você não abaixou os olhos e foi preparar petiscos para a cerveja - que jamais deverá compartilhar com eles. Você é macho se demonstra naturalidade em papos sobre conquistas, casais e sexo. É macho se ofende-se com machismo, se tem atitude e se não tem macho até.
Enquanto isso, no banheiro feminino...as mulherezinhas contam como o cartão de crédito e o carro das suas presas são melhores do que os das outras. Ou como eles caíram feito patinhos na conversa delas após o perfume novo e o almoço de domingo. As traições. As futilidades. Isso é que é mulher! Calada, obediente e sempre pronta para agradar seu homem. Qualquer semelhança com os anos 1950 é mera coincidência. Porque, naquela época, não havia Big Brother nas TVs particulares de esteiras de academia. 

17 de março de 2011

A lua e eu

Daquelas fases em que a gente tem mania de personalizar tudo. Vitimizar-nos. Mania de perseguição aguda momentãnea, como se poderia definir. Sabe olhar pra lua e achar que ela tá mudando por você? Há uns dias tava tudo escuro no céu negro. Foi por causa daquela tal decisão que acabou o que era doce...Hoje, já crescendo, luminosa, ela me acompanhou na janela do ônibus. Estava tocando música de luau no fone de ouvido, embora a seleção fosse só com as melosas. Vai estar cheia, como eu, por uns dias. Sorriso prateado, mas prestes a estourar de tão plena de tudo. No ápice destes dias onde mal vejo o céu, minguarei com ela, e com eles, numa nova fase de quase-luz. Mas eu serei Sol. Ela, o mesmo satélite sem luz própria. Ele, em definitivo, vai dizer sim à noite. Sempre preferiu a lua...