28 de maio de 2008

Charlotte (para Olivete)

Linda, pequena,
Passarinho de mil asas
Olhos de espelhos e pratas
Tão brava que serena

Navega, adiante, Helena
Constrói muros e casas
Tuas Grécias desenhadas
São teu palco, entra em cena

Menina de alma grande
Aparece, aos céus te lança
E faz o ontem ficar distante

Mostra a todos o teu dote
Transcende, avança
Que teu nome é Charlotte

26 de maio de 2008

Mais louco é quem me diz que não é feliz

(Loucura-Vincent Van Gogh)

Louco é até bonitinho de falar. Tornou-se adjetivo dotado de charme e utilizado também para caracterizar pessoas legais que se aventuram em uma ou outra situação. O conceito primário do termo, no entanto, passa a idéia de pessoas, no mínimo, temíveis pela própria natureza. Talvez pelo fim dos sanatórios ou pelo aumento da população terráquea, tais figuras desajuizadas saíram das novelas e estão, cada vez mais, presentes no convívio dos aparentes mente-sana. Embora loucura seja termo altamente questionável, paupérrimo e feio para definir os seres perturbados por esse ou aquele motivo/doença/trauma/confusão momentânea, é infelizmente boa alternativa para se falar das paranóias humanas de maneira popular.

Comunidades no orkut intituladas "Sou pára-raio de loucos" são apenas um dos sinais da invasão insanidade que paira. Um querido está prestes a usar camisa-de-força ele mesmo depois de experiências seguidas com "loucas". Convencido de que se trata de carma, ele teme se aproximar mais profundamente de qualquer criatura de saia, a fim de evitar ataques de ciúmes, mudanças repentinas de humor ou até faca no pescoço. E como convencê-lo de que o mundo não é tão dodói assim se "de perto ninguém é normal"? Numa olhada superficial, paletós, saltos e óculos decentes demonstram charme e distinção; aproxime-se, conheça, e dificilmente escapará de escandalizar-se com algum comportamento estranho/bizarro em relação à opinião comum.

Quando se trata de relacionamentos, o bicho pega (e, se ficar, ele come. Corra, Lola, corra!), uma vez que se passa a conviver mais intimamente com a criatura. Classificar de loucos tão somente seria simples não parecessem normais ao olho geral. "Vai comer um quilo de sal com ele", diriam os matutos. Sábios. Amigos, amantes, colegas de trabalho, parentes...Lindos, loiros e loucos, basta surgir uma situação crítica com a qual não saibam lidar. Meda! Não vale julgar alguém por única atitude - alguns fatores facilitam o aspecto lelé-da-cuca de alguém, a exemplo de bebida, remédio, TPM, trauma recente...Todavia, se o outro é fichado no hospício, apresenta traços de desequilíbrio e, principalmente, faz sofrer alguém, a solução é cair fora. Por que pagar pra ver? Não há exemplos suficientes do que pode causar a alimentação da loucura alheia? E se somos nós os insanos, não devemos nos tratar de alguma forma para descobrir e quiçá curar nossos fantasmas grotescos, nossos monstros e bruxas de olhos arregalados e risadas macabras?


Uma Amiga X estava encantada com um homem que conhecera e com quem estava saindo havia quase um mês. Ao apresentá-lo às amigas, casualmente, uma delas a chamou em particular e disse que o infame era louco e que ela corria risco de vida. Não, ela não achou que, com ela, ele fosse se jogar novamente do apartamento ou tentar invandir sua casa. Confessou estar intrigada o suficiente para continuar.

Outra ignorou o passado de confusões narrado por ex-namoradas, ex-colegas de trabalho e até pela família do cabra da peste e passou pelas mesmas coisas sobre as quais foi avisada. Amigos psicólogos corrijam, mas muitos psicopatas com diferentes problemas são altamente sedutores. Quando a criatura já está envolvida, é difícil sair incólume. Sinais, luzes de alerta vermelhas piscando no subconsciente, conselhos de entes queridos e desconfiômetro. Melhor acreditar mais nos avisos antes de embarcar na doença do outro e se perder nos caminhos medonhos da mente.

15 de maio de 2008

O último café


- Não acho que seja uma boa idéia. - Retrucou, como de costume, do alto de seus metro e oitenta e nariz imponente. Seria ridículo aceitar aquela idéia louca em plena segunda-feira. Ele deixara a adolescência havia muito para se aventurar tanto. O tempo era de outras coisas e os compromissos gritavam. Não! A resposta era "não"!

Como ignorasse a rejeição dele, e num sorriso lateral monalísico - quase um não-sorriso - ela discou no telefone e confirmou, baixinho, a reserva com a moça da agência.
- Sim, são duas para Praga. Isso, daqui a dois dias! Tem??? Ah, eu sabia que o Universo conspiraria a favor! Obrigada! - Feito o servicinho, os olhos brilhavam, eufóricos, como da primeira vez em que o vira, ou melhor, o pescoço dele. Era tudo o que tinha a princípio: a imagem de um pequeno trecho do seu corpo que a fizera tremer visceralmente, tamanha a premonição de virilidade, a visão em flashes frenéticos que a certificaram de que aquele homem era alguém mais do que seus amores frustrados.

Aeroporto. Relógio. Estômago embrulhado. Ele estava atrasado. Não iria? Nem o seu ato ousado e o cafuné pós-discussão o teriam inclinado a ceder à promessa de verem juntos àquela maravilha de cidade onde projetavam seu ideal compartilhado de felicidade? Lá, onde eles poderiam finalmente se esquecer do mundo aquém-paz, onde calendários, ampulhetas, velocímetros e contadores de quilômetros não tinham valia.
Ah, Praga na primavera...Karluv Most, Mala Strana, U Tri Pstrosu, canto de rio com mesas no jardim, moinho no braço de rio que invade a cidade e que era habitado por uma bruxa, as casinhas dos ourives Castelo de Praga, numa das quais teria vivido Kafka. Os sons guturais da língua Tcheca a sugerir segredos inefáveis mesmo no mais banal "bom dia". Praga do Hradcany, em que as crianças param às portas da lojinha de CDs ao fim da aula. Em silêncio. Ouvindo Bach. De sabores...mentolado, meio-amargo, doce-e-salgado, umami...dissabores...ele não viria.

Suor e café, extraforte. E sem açúcar, por favor. Ela preferiria bem doce, ao lado do chocolate de menta. Mas não importava. O paladar da alma dele provaria o amargor da ausência. Já não o teria degustado outras vezes? A momentânea insanidade daquela mulher infantil passaria, e talvez voltassem à rotina, ao trabalho e à velha relação...Praga. Não sabia se o tremor nas mãos que o fizera deixar cair dois cigarros era por causa da cidade dos sonhos projetados sozinho e com ela. Estaria novamente com ela. Longe dela. Por que essa pressa de viver tudo? Não largaria seus alfazeres por um capricho feminino...Ela o entenderia mais uma vez.

- Senhora?
- Sim?
- Mesa para quantos? É a primeira vez que vem a Praga?
- Somente eu. Aham, e convenhamos que, na minha idade, deva ser a última também, não? - Brincou, causando boa impressão ao garçom franzino. Uma senhora de espírito jovem!, pensou. A frustração não a fizera abandonar o bom humor. Se, em 64 anos, estava de pé, não seria agora o fim do mundo. Mas o mundo, tão belo e pulsante naquela cidade misteriosa, era todo preto e branco. E sem açúcar. - Não, pode levar o biscoito. Vou tomar puro hoje. - E sorveu, quente, num gole único, o líquido negro como sua amargura. Não podia crer que seria diferente daquela vez. Ele vacilara novamente. A ausência de cabelos e os 70 anos na foto charmosa da carteira de identidade não o fizeram abandonar o medo.
Levantou-se. Ia procurar as bruxas, o moinho, as casinhas, o doce ar a sacudir seus cabelos brancos. Pela primeira vez, compreendeu que sal e açúcar não funcionam juntos. E o salgado da lágrima a fez fechar os olhos: eram óleo e água, mas pertenciam um ao outro. Ele ar seco, ela coração úmido, mas juntos, dia de chuva na janela. Pois que seu coração rejuvenescia e o sorriso brotava inocente apenas com a lembrança da existência daquele que amou a distância e ainda assim a fizera feliz.


14 de maio de 2008

O conto (dele) do nada

Não era um dia para conversões, muito menos para morangos no jardim. Quando a chuva do pequi chega, o mais que se pode querer é sentir o olor do mato quente respingado. É uma chuva que se mede em pingos, não em milímetros. Adão contou trinta e sete sobre a calça khakis, as pernas esticadas e cruzadas no remoer da dor dos morangos que eram a ausência de Natine. As sombras se esticavam como suas pernas, puxadas pelos dedos amarelos que cegam nos fins de tarde do cerrado. Sombra de um tronco, sombra da caixa de morangos sobre a mesa de centro no centro de nada, na sem-temperatura de Brasília que, às cinco horas, dá lugar a outros calores, a outros frios, a saudades.
Esta é uma história sobre nada, sobre como nada aconteceu e sobre como o Nada pode pesar tanto sobre um homem.
O Rayuela merecia ter sido o palco dessa história não acontecida, ele que foi palco do que não deveria ter acontecido, palco do grande erro que foi errar com Natine.
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No Café, Adão teria pedido um porto para dois e ela retrucaria, talvez, que preferisse anis ou um chopp, o primeiro para demarcar seu gosto tão outro – Adão jamais pediria anis – o segundo para ir bem com o despojamento da legging de oncinha com camiseta preta, e o cair da tarde de domingo, inaugurando um ritual urbano com que se promete um beijo antes de chamar novamente o garçom. Isto, se seus olhos fizessem bem o seu papel de condutores dos gestos, enquanto boca e ouvidos seguem sua trilha sonora raramente relevante, praticamente incidental, porém talvez não com ela, para ela Adão quereria uma conversa intensa, de trocas rápidas de rumo, ritmada por observações sagazes sobre a viela, o jardim, a arte arremedada, as buzinas, coisas que aproximassem suas percepções do mundo em volta, que aproximassem seus copos, corpos e lá estaríam os dois do mesmo jeito, na iminência do beijo, se com arte também antes do segundo chopp.
O que fazia de Natine uma mulher incomum era a conjugação, nela só, de uma meia dúzia de lugares comuns de roda de homens, somados a dois ou três atributos que seria ridículo lembrar num ambiente desses. Os tais lugares comuns começavam pelo ser morena e ter olhos negros, passavam pelo seu metro e sessenta, e encerravam qualquer discussão ao chegar aos quadris, em movimento ou não. Que quadris!
Enquanto esperava Adão para sair do café, Natine folheava uma revista. Quanto charme no folhear de uma revista que era ou Nova ou Cosmopolitan, enfim, uma revista que ensina mulheres a dominar homens, e que, talvez, numa edição passada tenha ensinado aquela mulher a folhear tão perfeitamente aquela revista.
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Recostados ao tronco de uma árvore imensa - nem Adão nem Natine sabiam nomes de árvores, e achavam que o sonho de um dia escreverem um romance estava fadado ao fracasso por esta falha imperdoável. - o vento perfeito para o fim da tarde soprava, o mais de chuva não viria, no carinho do vento um consolo: os prazeres da infância sobrevivem à crueldade inevitável dos conflitos de que é feita a vida. Ventava e isso era bom. Mas Natine o acorda, mesmo distante.
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Adão tinha o hábito de quebrar o clima tenso com algum non-sense ou alguma frase que só os dois entendessem:
- Ipês, Natine.
- Hã?
- A gente poderia morar num tronco de Ipê. Que tal o Ipê amarelo? Só dá em setembro, por isso é o símbolo do Brasil: setembro, verde e amarelo. Acho que deviam dizer que é símbolo do Brasil também porque floresce na seca mais brava. Aquela árvore que a gente ficou recostado na L2, imensa, uma explosão em roxo, é o Ipê roxo. Essa dá entre junho e julho, junto com o Ipê vermelho, acho - se é que tem Ipê vermelho, não lembro bem agora, ouvi na TV essa estória toda. Aí, em agosto e setembro, vem o amarelo. Depois, ainda antes da chuva, vem o Ipê branco. Tem Ipê branco, também, e esse dá duas floradas. Pronto: já podemos escrever um romance.
- ...
- Um conto?
- Eu preciso pensar, Adão. Disse sorrindo.
- Pense, meu amor. Depois me diga. Me diga antes da segunda florada do Ipê branco.
- Depois a gente fala sobre isso. Come os morangos.
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Tudo isto se ele tivesse dito alguma coisa, mas não disse nada, não ligou. Se retirou como quem se rende, e ele se rendeu. Adão não perseverava, não insistia. Ele era de uma beleza que prenunciava ruína, e assim foi. Seus desejos eram satisfeitos com uma facilidade que o levara a achar todo o resto muito trabalhoso. Vivia para seus desejos imediatos, que os sucessos a que podia aceder, por talento e esforço de juventude, agora pareciam dar muito trabalho em comparação ao essencial - o essencial se resumia a receber doses insultuosas para os demais mortais de carinho das beldades do lugar. E morangos.
Ele continuou lá com seus dentes, seu nariz, seguro e correto, intocado e inatacável, em resumo: miseravelmente sem ela e sem sequer uma história digna de menção para envolver aquela mulher tão digna de menção.
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Da janela do seu quarto, Adão observa quase sempre, não hoje, o azul imaculado de nuvens que pinta a seca, no céu de meio-dia da Brasília de um dia como este. Mas não vê como deitar sobre ele os olhos daquela mulher que se perdeu num domingo, num Café, capuccino e pão de queijo, a vida inteira que poderia ter sido e que não foi. Que não foi adiante. Que não foi além... de não ter sido Natine.
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Escrito por: Umami Brasilis

No entanto, entretanto e portanto...


Coração Noturno

(Raul Seixas)


Amanhece, amanhece, amanhece,

amanhece, amanhece o dia

Um leve toque de poesia

Com a certeza que a luz que se derramanos traga um pouco, um pouco, um pouco de alegria!

A frieza do relógio não compete com a quentura do meu coração

Coração que bate 4 por 4 sem lógica, sem lógica e sem nenhuma razão

Bom dia, sol!!!

Bom dia, dia!

Olha a fonte, olha os montes

Horizonte

Olha a luz que enxovalha e guia

A Lua se oferece ao dia

E eu guardo cada pedacinho de mim

pra mim mesmo

Rindo louco, louco, mais louco de euforia

Bom dia, sol!!!

Bom dia, dia!

Eu e o coração

Companheiros de absurdos no noturno

no soturno

No entanto, entretanto e portanto...

Bom dia, sol!!!

Bom dia, sol!

12 de maio de 2008

Camaleão


Ele: Experiência negativa ontem. Peguei uma aleatória que queria praticamente fazer parte da família em menos de uma hora.

Eu: Affff, "aleatória" chiclete ninguém merece realmente...

Ele: Pior, CHICLETEIRA!

Eu: Argggghhhh. Avulsa-chiclete-chicleteira...Brochante, no mínimo.

Ele: Sinceramente, fingi orgasmo!

Eu: MENTIRA! Passada!

Ele: Ela tinha uma tatuagem do camaleão símbolo da banda, po. Na nuca!

Eu: Realmente...E a otária não percebeu? Ela engoliu (o fingimento, claro)??

Ele: Ô! Eu tinha que acabar logo com aquilo. Aproveitei e saí escondido!

Eu: ...

***
Preconceitos musicais e brochadas justificáveis a parte, o fato é que eles vão mesmo dominar o mundo. Não bastasse fingirem sentimentos, fidelidade e boas intenções, eles fingem orgasmo. Pior: elas acreditam, assim como crêem nas boas inteções, nos sentimentos e no Saci Pererê.

6 de maio de 2008

Ciranda de pedra

Não faço o tipo odeio-novelas, até porque adoro as de Manoel Carlos e alguns dramalhões com poucos vilões e muitos mocinhos. Infelizmente a TV exibe um bom produto com incrível raridade, e meu tempo parece que foi trabalhar e nunca mais voltou ao sofá da sala. A chegada de Ciranda de pedra, no entanto, mexeu com minhas vontades de pipoca. Fato: Lygia Fagundes Telles é minha escritora preferida. Fato 2: o romance homônimo é bom; foi o primeiro escrito por Telles, em 1954. Fato 3: a Globo já levou ao ar uma adaptação, em 1981, muito bem aceita, mas diferente dessa nova, que não é remake, e sim nova versão.

A heroína do livro é Virgínia, aquela figura menina-moça, que vive um drama familiar protagonizado pela mãe e o verdadeiro pai. O romance trata de temas recorrentes da obra da escritora, como o amor, a morte, a fragilidade da alma, a solidão, a loucura, a crueldade e o sonho, tudo muito bem entrançado na narrativa gostosa da autora.

E Lygia baseou-se num fato real para escrever Ciranda de pedra. Numa de suas caminhadas a pé, passou em frente a um casarão que estava sendo demolido. Entrou, passeou pelos cômodos vazios e encantou-se com uma fonte cercada por anões de pedra, a mesma que descreve no livro. E imaginou os dramas que se desenrolaram naqueles jardins, as tristezas e alegrias que envolveram os antigos habitantes daquela casa. E o romance conta justamente a história de uma família que se desagregou com a separação dos pais.

Não sei se ousaria recomendar uma novela. Mas o livro, ao menos. E quiçá revelar a mim mesma o ímpeto de acompanhar os capítulos...nem que seja por meio das sinopses publicadas no jornal de domingo.
Foto: Rodrigo Cordeiro.

5 de maio de 2008

Namoro ou amizade II - amigas do peito


Mania feia as pessoas considerarem natural e de bom tom uma "pitadinha de ciúme normal". Primeiro que não é normal. Segundo que os amigos, parentes, padeiros, secretárias e colegas de trabalho em geral não têm nada a ver com as psicoses do cônjuge dos outros. Apesar do fato, tornou-se quase convenção tratar mal - ou, no mínimo, taxar de putas - as amigas do cara. Nessas circunstâncias lamentáveis, podemos considerar que amigo com namorada é ex-amigo? É pecado ser amiga solteira de alguém do sexo oposto? Os exemplos estão sob nosso nariz. Outro dia, uma querida reclamou que um amigo do peito tinha sumido de vez desde que engatara um namoro. Pior: ele a excluira do orkut, do msn e certamente da agenda telefônica. Inconformada com a tabacudice extrema do até então bom e velho amigo, procurou o rapaz, que respondeu não ter idéia de como aquela exclusão tinha se dado. Em debate recente, pusemos em questão a história. Um amigo sugeriu que a namorada pode ter feito o trabalhinho sujo. Sabotagem. "Oxe, mirmã, altos casais que conheço compartilham a senha do e-mail", passou na minha cara abismada um amigo. Não sei se por que encontrei meus dois primeiros cabelos brancos na semana passada ou se é despeito, como dizem, mas isso tudo me soa tão patético e repugnante que acharia até bom ser excluída da vida de algum amigo imbecil assim. Ou amiga que seja namoradinha-nóia. Já basta compartilhar orkut e escova de dente, não? Por isso os casais se desfazem. Por que querem se tornar um só. E eu já tenho tédio de mim, quanto mais de dois de mim! Me belisquem pra acordar ou me devolvam ao meu planeta natal. Por que não vendem um pouco de amor-próprio ou maturidade nas prateleiras onde se compra Casa e Jardim ou Nova (mil maneiras de prender um homem)? Ai. Cabelos brancos, dêem-me paciência. Amigo meu chegou e falou com frieza por causa de namorada leva fora lindo! Amiga fica com receio de sair com as amigas solteiras por causa das recomendações do boy é autorizada a dar meia hora de c...compromisso! Não sabem que o gostoso de estar numa arena é desfilar intacta entre os leões, em vez de matá-los para evitar o perigo? Afinal, só os tolos crêem poder controlar a fidelidade do parceiro 24 horas por dia. E digo mais (que hoje eu tô arretada): a maioria dos santinhos que mudam o comportamento com as amigas depois da boyzinha vive em cima das velhas companheiras para exercer a amizade, se é que me entendem. Eca!